terça-feira, 12 de junho de 2012

10- Uma aula particular com Professor McLean








“Não importa quanto os dias sejam perfeitos, eles sempre têm que acabar.”
                         Stephenie Meyer








Os acontecimentos dos meus últimos dias não foram os mais alegres, e apesar de eu ter conhecido pessoas (anjos) maravilhosas, eu também as perdi. Dan esta morto. E eu não posso mudar nada disso. O meu anjo da guarda, morto por minha culpa.
Depois do ocorrido, pensamos que Rafael tivesse morrido, mas o desgraçado estava vivo e nos ouvindo o tempo todo. Kristen ficou com tanta raiva dele, que cravou a espada da Morte nas costas do anjo, que ela me disse ser onde estavam suas asas. Rafael não havia morrido por ser um arcanjo, e os anjos não sentiam dor física, assim como não sentia nada físico. A espada fez apenas com que ele perdesse a consciência por um tempo, eu não sabia como funcionava a espada e precisava pesquisar a respeito. Mas de acordo com Eduardo, o toque da espada poderia ser fatal a um mortal, ou no meu caso, semi-mortal.
Até ai tudo bem, quer dizer, não exatamente tudo bem, mas bem. Você entendeu.
E quando Eduardo bateu com a espada na nuca de Rafael, ele sentiu uma dor por dentro (e não por fora) como se não respirasse mais...um pouco parecida com a dor que senti, com exceção ao fato de ele não sentir o físico. Eduardo me explicou que, se quiser destruir um arcanjo, tem de cravar a arma nas costas do anjo, onde ficam as asas. Um anjo caído sentiria apenas dor se alguma coisa fosse enfiada a onde antes estava suas asas, mas um anjo não, é como se fosse seu ponto fraco...seu calcanhar de Aquiles. Então Eduardo e Kristen podiam tocar na espada. Mas eles preferiam não tocar, pois a dor por dentro era sufocante. E eu sabia disso por experiência própria.
Agora Rafael estava destruído, banido do céu e só voltaria se Deus quisesse – o que eu pedia por tudo que não acontecesse. – Kristen tinha se arrependido de ter agido sem pensar, ela agora ficava muito quieta no seu canto lendo e ouvindo musicas em seu Ipod, acho que destruir um arcanjo estava entre uma das leis dos anjos.
E falando em leis. Preciso contar!
Adivinha quem esta me dando aula sobre os anjos e suas esquisitices? Erro! Não, besta, é Eduardo...Eduardo McLean! É, o Eduardo anjo da guarda na qual eu tenho sentido...sentimentos sobrenaturais. (Não precisa jogar na minha cara que tenho um namorado, eu entendi...) Bem, eu não pretendia ter nada com Eduardo, era só algo passageiro, algo que iria passar...não era amor. Eu mal o conhecia. Meu amor é por Sam. Só Sam.  Uma voz fina sussurrou no fundo da minha inconsciência:
Quando estiver apaixonada por duas pessoas ao mesmo tempo, escolha a segunda, porque se amasse realmente a primeira, não iria sentir nada por outro alguém.
Cala a boca, retruquei. Tentando, mas não conseguindo, ignorar aquilo.
Já havia se passado um dia desde que Dan morreu, perdi totalmente a contagem de datas e nem sabia que dia era hoje. Mas dormi como uma louca depois da homenagem em que Kristen, Eduardo e eu fizemos a Dan. Kris me disse que seu corpo iria para aonde todos os anjos vão quando são destruídos. Como um cemitério no céu. Depois disso, contei a eles sobre o meu encontro com a Morte, que eles não gostaram nada sobre a data de entrega. “Muito perto” dissera Eduardo, e ele estava certo. O solstício de inverno estava chegando cada vez mais...e ainda tínhamos só uma espada. E não fazíamos a mínima ideia de onde estavam às outras.
E não, é claro que não contei a Eduardo sobre o calcanhar de Aquiles, e muito menos pra Kristen. Eu confiava neles, mas não sentia que devia contar. Algo me dizia que aquilo deveria ser meu segredo. E eu ainda não sabia como funcionava isso...a coisa do calcanhar.
Eduardo apertou meu joelho e voltei à realidade, ele tinha colocado botão automático e então, o ônibus estava voando sozinho. Estávamos rondando a Europa, não podíamos ficar no mesmo lugar por mais de seis horas.
– Ei, no que está pensando?
– Privacidade, please.
Ele sorriu.
– Não vai me contar?
Dei um suspiro, indignada.
– Você é sempre curioso assim? Não deveria estar me ajudando a entender as coisas melhor?
Eduardo estava encarregado de me contar tudo, tudo que eu queria. Ou eles achavam o que? Que eu adivinharia tudo? Eu já havia lido muitas coisas sobre anjos, demônios, nefilins e tudo o mais. (Ei, sou Team Winchesters!) Mas ainda tinha muita coisa que eu não sabia. Sobre o que eles eram capazes de fazer e o mais importante, o que estava acontecendo no céu, porque eu estava perdida! Havia viajando com três anjos numa missão suicida, às vezes me pego se arrependendo de ter feito essa escolha, mas pensando por outro lado, teria virado picadinho de arcanjos se tivesse continuado em casa. Fiquei pensando em Lijia e o que andava fazendo: acreditava mesmo que havia ido pro México? Bom, ela tinha o vovô que morava no apartamento ao lado, os dois tinham um clima forte. Hmmmm.
– Quer que eu te ajude a entender o que, hein? – Eduardo se aproximou de mim, sentando-se ao meu lado na cama...flertando! – Quer entender como funciona a cabeça dos anjos apaixonados? Eu lhe explico.
Dei de ombros, como se não estivesse nem um pouco incomodada com sua aproximação e seu jeito de falar. Alias, já disse que tenho um namorado?
–  Professor McLean, não deveria falar desse jeito com sua aluna.
– Desse jeito como?
– Você sabe.
– Não sei não.
– Cala a boca porque sabe sim!
Ele riu e segurou meu queixo, levantando meu rosto até a altura dos seus. Seus olhos pareciam estar ainda mais escuros e negros. Os traços de seu rosto não eram exatamente perfeitos, eram marcadas pelas suas experiências – eras pelo mundo deveria ter lhe trazido sabedoria de cem homens inteligentes juntos. – E ele parecia mais homem do que um menino, mesmo com uma aparência de 19 anos. Sua boca era um traço fino, que parecia um imã dos mais poderosos....
Virei o rosto, mas antes vi a decepção passar por seus olhos. Ele estava mesmo me flertando.
Eduardo McLean, você é a maior droga que já entrou na minha vida.
Ele franziu o cenho, e um pavor tomou conta de mim, teria ele lido meus pensamento?
Pequena, a voz dele sussurrou na minha mente, arregalei os olhos. Não sou uma droga...posso ser um vicio maior que isso.
Ele levantou uma das sobrancelhas, como se me desafiasse a contradizê-lo. Engoli seco e tentei fingir que não ouvira nada.
– Eu tenho uma duvida professor. – Levantei da cama e comecei a circular no ônibus, Kris estava no fundo do ônibus e ouvia musica tão algo, que podia jurar que estava ouvindo 30 Seconds To Mars daqui.  – Em uma pesquisa que fiz no passado; li que um anjo era imortal, não podia morrer, é claro. E se isso é verdade, como Rafael morreu?
Ele pensou por um momento, e respondeu em tom profissional:
– Todos nós, anjos, humanos, demônios ou qualquer outra coisa, somos imortais. Nossa alma é, e é isso que vale. Rafael não está exatamente morto, a alma dele esta descansando como a de qualquer outra humana que já morreu. Todos nós temos almas e quando morremos, ela descansa, esperando o dia do juízo final.
– Interessante – comentei. – Então, digamos que os anjos não podem voltar, ou não?
– Podem, é claro que sim. Mas isso é raro, se um anjo morreu, é porque coisa boa não estava fazendo. – Ele fez uma pausa, pareceu se arrepender do que tinha dito. – Quer dizer, a algumas exceções. Como Dan...Em todo caso, só Deus tem poder para tanto.
E eu estava torcendo para que Deus estivesse do meu lado, não queria mais um inimigo no meu pé.
– O que os anjos são capazes de fazer? E por que aquele anel chegou aqui se o ônibus estava protegido? Qualquer um pode fazer uma proteção dessa? O que tem nesse ônibus?
Eduardo respirou fundo e respondeu tudo de uma vez:
– Esse ônibus foi presente de Miguel para Dan e Kristen, por serem seus anjos da guarda. E ele é protegido por uma forte magia, e com a proteção de Kristen, ficou ainda mais impossível nos achar. Lembra que você contou que a Morte não estava te achando por causa do ônibus? Então...e o anel, eu não sei. Definitivamente não sei. Os arcanjos são mais poderosos que os anjos, podem ter arranjado uma maneira de passar pelas proteções de um ônibus voador. Mas por precaução, não vamos aceitar nada que aparecer aqui, foi um erro de Dan ter aceitado e um erro nosso também de ter deixado. Tantas eras confiando nos arcanjos nos fizeram esquecer de que agora não estão mais do nosso lado...voltaram-se para nós, todos eles, agora só desejam o poder do trono de Miguel. Todos querem comandar o império.
– Por que?
– Porque é o que acontece quando Deus não está mais nos comando. Miguel estava mantendo uma certa ordem até o dia de seu desaparecimento. Agora está tudo um caos...um apocalipse no próprio céu. Isto é decepcionante, a forma como os anjos conseguem mudar de lado e revoltarem-se um com o outro de tal forma. Rafael possuiu e destruiu Daniel como se isso não fosse nada e não significasse nada para ele. Entende o que quero dizer? Não podemos mais confiar nos anjos do céu, eles agora não estão mais do nosso lado...talvez alguns, mas é impossível entrar em contato com eles. E Cathy, às vezes penso no que adiantaria se salvássemos Miguel. Ele vai ser banido do céu, a não ser que ele tenha um motivo muito forte para impedir isso. Quem arrancará as asas de Miguel e o lançara a Terra? Seja quem for ele, será o novo imperador do céu. O que acho que será Zacarias, pois é isso que está acontecendo no céu, uma briga pelo trono entre todos os arcanjos.
“Eles estão se separando, formando exércitos e preparando-se para uma guerra. Uma guerra que terá um final nada feliz. Os anjos precisam de alguém que os comandem, enlouquecem se isso não acontecer. Muitos deles enlouquecem.”
– E se Miguel não voltar? E se não conseguirmos? Qual sua teoria?
Ele suspirou e encostou-se nas janelas, fui e sentei ao lado dele. A nossa frente, imagens de um grande castelo surgiu como uma névoa pairando no ar. O castelo era grande e todo branco, folhas verdes davam voltas pelas torres altas e pontudas. À frente, um jardim verde claro se estendia, árvores com flores de todas as cores estavam espalhadas pelo imenso jardim. Passarinhos voavam ao redor das cinco torres, a do meio era a maior de todas e a mais larga, em baixo tinha um grande portão, que imaginei que daria para um saguão de entrada. Todo o castelo brilhava com uma luz brilhante que vinha do céu azul, não havia sol, mas estava claro e parecia estar de dia. Lindo.
– Pequena, esse é o castelo dos arcanjos, e está vendo esta grande torre ai no meio? – ele apontou para a torre maior que ficava no centro – , ali tem uma sala onde os arcanjos e alguns anjos tomam decisões e discutem assuntos sobre toda a Terra, os humanos e os anjos. Ali tem um trono onde antes era de Miguel, e que agora está sendo disputado por todo o céu.
A imagem tremeluziu e um grande saguão surgiu a nossa frente, era imenso...talvez a metade de um campo de futebol. As paredes pintadas de azul pareciam brilhar e estarem vivas. Grandes imagens estavam desenhas ali, mas não conseguia ver direito, pois estava muito longe. Uma mesa se estendia por quase todo o saguão, no final dela, um trono vermelho vivo, decorado de branco e cinza chamava atenção e estava óbvio, aquele era o trono de Miguel. O trono era bem maior que as outras cadeiras, e ela transmitia poder.
– Aquele é o trono de Miguel. Ou melhor, que era de Miguel. E este é o salão dos arcanjos. Grande não?
O saguão tremeluziu e desapareceu, o outro lado do ônibus ficou visível novamente. Fitei Eduardo, que havia fechado os olhos e pousado a cabeça na janela, ele parecia cansado.
– Você perguntou o que os anjos são capazes de fazer – murmurou, abriu um dos olhos para ver se eu estava confirmando, afirmei e ele prosseguiu. – Somos capazes de quase tudo. Quase. Podemos hospedar o corpo de um humano, mas ele tem que aceitar, não é só ir direto...está vendo meu corpo? Não é meu corpo, é a minha casca. Todos os anjos são assim, pequena. Não se assuste.
“Não queira ver nossa forma natural, isso te cegaria. Um humano viraria pó, mas você é como um anjo fisicamente...não morre e...”
– Não morro? – interrompi-o. – Se não morro...Por que Miguel me salvou naquele acidente de carro, quando minha mãe morreu?
Eduardo não respondeu, em vez disso abriu os olhos e me fitou, seus olhos escondiam segredos que eu sabia, nunca iria descobri-los. Era um abismo sem fim. Ele acariciou meu rosto de modo tão...estranho. O jeito que ele me olhava, como se eu fosse um presente que ele desejou por toda sua vida, era como se me olhar o fizesse libertar sentimentos que nem os arcanjos mais poderosos saberiam explicar. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas só isso, ele não chorou, só deixou que seus olhos se iluminassem a ponto de eu ficar imaginando o que seria mais lindo que aquilo...seus olhos transbordam de lágrimas. Mas paralisadas ali.
– Ei .– Sussurrei, e não sei o que deu em mim, mas abracei-o. – Ei... por que está chorando?
Ele colocou sua boca em meu ouvido, um arrepio percorreu minha nuca. Ele estava muito perto...perto demais.
Quando você sorri – sussurrou –, o mundo inteiro para e fica olhando por um tempo. Pois, garota, você é incrível, exatamente como você é.
Just the Way You Are.
Sorri. Era uma das minhas musicas favoritas. Encostei minha cabeça em seu ombro e ficamos assim, aninhados um nos braços do outro por um logo tempo.
Seu coração batia perto do meu. Sua respiração era controlada e ele tinha um cheiro que me tirava o fôlego...perfume francês, mas eu não sabia qual. Só sabia que guardaria aquele cheiro pra toda a eternidade. Independente se aquela fosse a ultima vez em que o visse.
Ed e Ca, Ca e Ed.
Para sempre. Para sempre. Para sempre. Para sempre.
– Eu acho que eu me apaixonei por você – ele sussurra em meu ouvido, a voz calma e amorosa. – Desculpe. Fiz o maior erro da minha vida.
Afasto-me dele e o encaro. Eduardo estava triste, como se estivesse me vendo morta na sua frente.
– Eduardo...não é um erro.
Ele toca meu rosto, observando-me.
– Nunca deveria ter te chamado para essa missão, deveria ter pedido a Dan e Kristen para continuarem sendo seus anjos da guarda, o que eu estava pensando que conseguiríamos com essa missão? Nós somos apenas três agora e...eles são centenas e mais centenas. Coloquei-te nesse penhasco e esse foi o meu erro. E ainda me apaixonei por você. Eu sou o maior idiota do mundo e nunca deveria ter te colocado aqui. Perdoe-me por amar você.
Antes que eu pudesse responder, ele tocou meu rosto com as duas mãos e uma escuridão envolveu-me, senti meu corpo flutuar para o fim...não havia saída alguma. Só escuridão.
Acordei de um pulo, sentando-me ereta na cama. Olhei em volta e estava em meu quarto, em Nova Jersey. Os pôsteres do Bruno Mars pregados na parede da frente, Bruno sorria pra mim do seu jeito mais perfeito. Olhei confusa para os lados, e quando fui me levantar, esmaguei um papel com a perna, peguei-o e li:

Um dia, quando o céu estiver desabando;
Eu estarei ao seu lado;
Nada nunca ficará entre nós
Pois eu ficarei ao seu lado.

Franzi o cenho, sem saber o que aquilo significava.


Cathy Lohan e os Espíritos da Morte
Por: Carol C.

9 comentários:

  1. Eu não sei o que escreve.
    To em choque.
    Poste logo o proximo.

    ResponderExcluir
  2. aaaaaaaaaaaaaaaah, ta perfeitooooooooo... u.u

    ResponderExcluir
  3. Ed e Ca, Ca e Ed. Isso me lembra "Um dia", simplesmente lindo esse capítulo.

    ResponderExcluir
  4. pelo amor ! posta logo o proximo !

    ResponderExcluir
  5. OMG, Ameiii
    Perfeito, ficou perfeito o capitulo
    estou morrendo de ansiedade pelo próximo

    ResponderExcluir
  6. Carol, ta mto perfeito!! Posta logo o próximo!! Quero te dar os parabéns e agradecer, pq vc me incentivou a continuar o meu livro, q eu tinha parado de escrever por achar q ninguém ia gostar ou q ninguém acha legal escritores jovens!! Sério, obrigada msm, eu sou sua fã!!

    ResponderExcluir
  7. Paralisei aqui agora. Ficou perfeito o capitulo e a historia ta ficando mais perfeita cada capitulo, realmente você é uma ótima escritora.

    ResponderExcluir

Sua opinião é essencial para o blog...